O xadrez, João e a sucessão na Paraíba em 2026

Com o calendário eleitoral de 2026 se aproximando, o cenário político da Paraíba começa a se redesenhar. O governador João Azevêdo (PSB), que cumpre seu segundo mandato, não poderá disputar a reeleição e, por isso, o foco volta-se para quem será o nome escolhido para liderar o grupo governista na sucessão estadual. Azevêdo, homem de perfil técnico e que se consolidou como uma liderança política central no estado, demonstra que pretende comandar pessoalmente a escolha de seu sucessor — deixando claro que não abrirá mão desse protagonismo em favor de nomes como Aguinaldo Ribeiro (PP), Adriano Galdino (Republicanos) ou Hugo Motta (Republicanos). João entende que seu legado e sua força política dependem diretamente do êxito de sua sucessão. Por isso, vem adotando uma postura cautelosa: escuta aliados, observa os movimentos das forças internas do governo e estuda os nomes disponíveis, mas ainda sem definições. Azevêdo quer ter nas mãos a carta final do jogo — e não permitir que sua liderança seja diluída por pressões de caciques partidários ou de blocos com projetos próprios.

O governador busca preservar a autonomia de seu grupo e evitar uma polarização prematura dentro da base. O recado é claro: quem vai comandar a transição é João Azevêdo, não os caciques tradicionais.

Os quatro nomes cotados

Entre os nomes que circulam como possíveis candidatos do grupo governista, quatro se destacam, cada um com seus pontos fortes e limitações:

O Atual vice-governador, Lucas Ribeiro é visto como uma opção natural dentro do governo. Jovem, discreto e alinhado ao estilo técnico de Azevêdo, ele representa uma continuidade sem rupturas. Tem bom trânsito entre prefeitos e prega a lealdade ao governador. No entanto, seu protagonismo político podem ser obstáculos para liderar uma disputa estadual. Sua candidatura dependeria fortemente do ‘apadrinhamento’ de João.

O prefeito de João Pessoa, reeleito com boa aprovação, surge como um nome viável. Tem experiência administrativa, articulação nacional e capital eleitoral na maior cidade do estado. No entanto, Cícero está filiado ao PP, partido de Aguinaldo Ribeiro — o que pode representar um conflito estratégico, caso o governador deseje manter o controle absoluto da indicação.

Presidente da Assembleia Legislativa, Galdino é um político com forte capacidade de articulação e influência sobre a base parlamentar. Ambiciona um protagonismo maior e não esconde seu desejo de disputar o governo. Mas seu estilo mais pragmático, por vezes confrontador, pode ser um problema.

Presidente da Câmara Federal e líder do Republicanos na Paraíba, Hugo Motta representa uma ala mais jovem e dinâmica da política estadual. Com base no Sertão e articulação em Brasília, tem estrutura partidária e ambição para disputar o Palácio da Redenção. Por mais que diga não e deixe muito pouco isso transparecer. Contudo, seu projeto pode soar como quase que uma unanimidade na base de João.

Azevêdo dá as cartas, mas o jogo ainda está em aberto

O que se desenha, neste momento, é um cenário em que João Azevêdo está à frente da condução da sucessão, mas sem pressa. A estratégia é observar, testar nomes e medir o termômetro político em 2025, com base nos resultados das eleições municipais. A força de prefeitos aliados, especialmente em cidades-polo será decisiva na construção dessa candidatura. Além de todo o seu agrupamento político.

Mais do que um nome forte, o governador busca um perfil que represente estabilidade, continuidade e viabilidade eleitoral — sem ameaçar a coesão do grupo nem entregar o projeto a outros caciques. A sucessão será desenhada nos bastidores, mas o lápis final estará nas mãos de João Azevêdo.

 

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