A pequena diferença de apenas 204 votos que deu a vitória à prefeita Lucinha da Saúde em Mari, nas eleições de 2024, pode não ter sido apenas apertada — pode ter sido comprada. Tramita na 004ª Zona Eleitoral de Sapé uma Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME) que joga luz sobre o que parece ser um esquema robusto de abuso de poder político e econômico para garantir o resultado nas urnas.
A ação, movida por Paulo Castor dos Santos, denuncia práticas que, se confirmadas, não são apenas ilegais — são um desrespeito direto à democracia e à vontade livre do eleitor. Entre as acusações mais graves, está a suposta compra de votos por parte das vereadoras Nice do Assentamento e Vania de Zu, cabos eleitorais de Lucinha. Uma moto teria sido oferecida em troca de votos. Não é boato: há testemunha em juízo confirmando o recebimento.
Mas o mais preocupante está no uso sistemático da máquina pública para desequilibrar o pleito. A gestão municipal, sob o comando do então prefeito Antonio Gomes da Silva, teria multiplicado gastos com benefícios assistenciais justamente nos meses que antecederam a eleição. E os números falam por si:
- Quase 50% de aumento nas doações em dinheiro;
- Mais de 650% de crescimento no pagamento de contas de água pela prefeitura;
- Salto de quase 500% nas contas de energia;
- 130% a mais em botijões de gás distribuídos;
- Quase 95% de aumento no auxílio estudantil — com o “milagre” de mais de 250 novos universitários surgindo durante o período eleitoral;
- E quase R$ 3,3 milhões a mais em contratações temporárias.
Esses números não parecem fruto de um súbito surto de solidariedade pública — parecem cálculo eleitoral frio.
Para completar o cenário, a ação ainda aponta coação de assentados, ameaças políticas e o uso de programas sociais como moeda de troca para perpetuar um grupo no poder. Se tudo isso for confirmado pela Justiça Eleitoral, Mari terá vivido não uma eleição, mas uma encenação — e seus cidadãos terão sido meros figurantes de uma peça manipulada nos bastidores.
A prefeita Lucinha da Saúde ainda não se pronunciou. Mas a população de Mari aguarda respostas — e justiça.